segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Amar à distância

Não foi há muito tempo que descobri, por mero acaso, as crónicas de Nuno Andrade Ferreira. E bastou ler apenas uma para me identificar de imediato com a sua escrita. Nuno é jornalista em Cabo Verde e emigrante há mais de 5 anos. Talvez devido à sua condição eu me reveja tão bem na maior parte das suas crónicas que ocasionalmente escreve para o Público.
Numa dessas últimas crónicas, Nuno escreveu sobre as dificuldades do amor à distância. Sobre as palavras que são ditas e facilmente esquecidas, das promessas feitas e por vezes não cumpridas, dos sentimentos que a distância traz e leva.
Eu sei tanto sobre isto. E, meu Deus, é tanto mas tanto assim. 
Entre obstáculos e adversidades, um viva aos finais felizes!

Aqui estás tu, a tocar-lhe no rosto com as duas mãos e a dizer-lhe que “vai correr tudo bem”. Percebes o desconforto no olhar e acrescentas “se quisermos, é possível”. Daqui a pouco dirás, como derradeiros argumentos, dois ou três lugares comuns sobre o amor verdadeiro, “o nosso é tão especial”. Não te esqueças de lhe dizer que podem falar a qualquer hora, e que vais estar sempre online (promete telefonar pelo menos duas vezes por dia!).

Vais acreditar em tudo, e a dada altura, quem te ouve, também. E então vão fazer planos para o reencontro. Nas férias, quando voltares, farão uma viagem, dedicarão dias seguidos a fazer amor. “E se fosses ter comigo?”, “não dá, com o meu trabalho”, “claro que dá, só precisamos de organizar as coisas com calma, planear tudo”.

Até que chega o dia. Estão no aeroporto, a bagagem despachada com excesso de peso. Daqui para a frente, só passageiros com cartão de embarque. Estiveram bem dispostos até aí, os últimos dias foram cansativos. É agora. Tens a sua mão na tua. Silêncio. Abraçam-se, e choram, os dois (tu talvez menos, porque tens a cabeça dividida entre coordenadas). Dás-lhe um beijo, secas-lhe as lágrimas e repetes as promessas com que começaste o texto.

Mostras agora os documentos ao segurança, que te deixa passar. Antes de fazeres a curva, aí mesmo, viras-te para trás e consoante o nível de pirosice do vosso amor, acenas, ou gritas uma lamechice qualquer. "Who cares?" Amo-te, amo-te, amo-te, daqui até à lua, ir e voltar, para sempre, até ao fim do mundo.

Quando vivi em Luanda, morei num bairro que se chamava Nova Vida. Achei a associação carregada de sentido. Em nós, há tanta coisa a acontecer, tanto mundo novo a entranhar-se, que nova é mesmo a melhor palavra que se pode juntar à vida.

Manter uma relação à distancia não é fácil. O amor é uma força poderosa, mas não vence tudo. Não vence um olhar renovado, uma percepção diferente. Pode mover montanhas, sem que contudo nada possa perante o desconforto que se vai instalando. De repente, há tanto de ti que já não é quem era. És tantos.

Se te deixares levar pela vontade, vais demorar mais a responder aos e-mails, as conversas no "chat" serão cada vez mais curtas e com respostas breves, nem sempre vais ligar o Skype. Até queres partilhar, mas não sabes como, porque, lembras-te, o essencial não cabe em palavras. “Tens a certeza que está tudo bem?”, “claro que está”, “estás diferente”, “não, é impressão tua”.

Poderia falar de mim, mas seria recalcamento (que também os tenho). Falo-vos por isso de todos aqueles a quem vi um amor acabar (e daqueles que, por isso, respiraram de alívio). E falo-vos também, e principalmente, dos outros, que valem por todos, que se superaram, que não desistiram, que se esforçaram todos os dias, obrigando-se, às vezes contrariados, a pensar no regresso (ou no reencontro), muito mais do que na partida (ou na despedida). Falo-vos, finalmente, daqueles que perceberam que, se amar é difícil, faze-lo por "megabyte" é ainda mais complicado.

"Amar à distância", por Nuno Andrade Ferreira, in Público

Hello Autumn





quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Curiosidades da língua norueguesa

Desde que vim para a Noruega já várias pessoas me perguntaram se por cá se falava inglês. E eu lá explico que, regra geral, as pessoas falam muito bem inglês, tenham 8 ou 80, sejam doutores ou mercenários. Mas infelizmente eles têm a sua própria língua que é o norueguês. E digo infelizmente porque o norueguês não é pêra doce de aprender. Comecei as aulas em Fevereiro e só agora começo a  ter conversas mais ou menos decentes (eu tento, vá) em norueguês.

Uma das coisas que é preciso saber antes de vir para cá é que aprender norueguês é fundamental para conseguir um trabalho. A não ser que se seja engenheiro mecânico/estruturas e se vá trabalhar para uma empresa internacional. Nesses casos, o inglês pode bastar. Para tudo o resto não há volta a dar e há que investir um tempinho na aprendizagem da língua. E quando se aprende uma língua estrangeira é normal descobrirmos que existem palavras muito parecidas foneticamente com a nossa língua materna mas com significados completamente diferentes. Isso dá aso, muitas vezes, a trocadilhos

Aprender norueguês não é excepção. Eu só não sabia era que palavras assim...digamos que...banais aos olhos dos noruegueses eram grandessíssimos palavrões aos ouvidos de qualquer português. Se houver por aí alguém interessado em aprender norueguês fique então já a saber que esposa é, nada mais nada menos, que kon# e almofada tem o belo nome de put#. É verdade, é verdade, esposa = kon# e almofada = put#.

Conseguem imaginar os trocadilhos que os portugueses que vivem por cá já fizeram à conta disto, não conseguem?
Quase que punha as minhas mãozinhas no fogo em como não há língua melhor que esta para fazer uns belos de uns trocadilhos!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

What the f#ck says?

Depois de Gangnam Style e do Harlem Shake eis que surge o novo hit sensação do momento: "What does the fox say?". Alguém sabe o que é as raposas dizem? 
Se não sabem e até têm curiosidade em saber têm aqui a resposta...


...ou então não. Mas o mais interessante no meio do ring-ding-ding-ding-dingeringding ou joff-tchoff-tchoffo-tchoffo-tchoff não é saber o que as raposas dizem ou qual o Gangnam Style do momento. O mais interessante mesmo é que esta pérola nasceu aqui na Noruega. 

Pois é, na Noruega, país sempre tão discreto no mundo noticioso. 
Parece-me que agora isso vai mudar por uns tempos. Pelo menos, dentro do panorama musical.